segunda-feira, 19 de novembro de 2012

NÃO É ?, "ABESTADO" - Rui Agostinho

A Música Popular Brasileira anda mal da pernas. É algo real, está aí, presente no nosso cotidiano. Está nos programas televisivos, "junto e misturado" ao mal gôsto. A televisão brasileira, com poucas excessões, descarrega nos lares da população, um universo de babaquices, de conteúdo insípido e inaceitável pela falta de proposta cultural. O que se salva ainda é o teatro, que ora mostra-se efervecente. Temos tido um bom trânsito de peças excelentes nos palcos brasileiros, com produções independentes e que correm a revelia destes projetos mirabulantes do Estado. A chamada "interação da arte popular com o individuo", deixa nossos ouvidos e nossos olhos, constantemente à mercê dêsse lixo musical que ora transborda pelo excesso de sua imbecilidade, e se esvai, correndo em direção ao rio das coisas perdidas, algo já muito comum nêste nosso país. E dá raiva, dá dor, dá coceira, dá impaciência, dá até alergia e me perdoem a desdita, dá até irritação no saco. Haja saco !!! Quando você procura os grandes representantes da nossa música; cantores, compositores, instrumentistas, em sua grande maioria, da melhor qualidade e não os acha, algo está errado. Se não estão na vitrine mostrando a sua arte, onde estão elês ? Onde se escondem ? Perdidos por aí ?, fazendo shows em Gravataí, em Paratí ? estão nos arredores do Pelô ou estarão felizes nos clubes noturnos, nas emissoras de rádio ? Será que eles sumiram porque foram confundidos com os grandes astros da Broadway por serem do mesmo quilate que elês ? Será que estão no Japão, num desses raros "Brazilian Days"? Quem sabe até não estão em shows populares nas comunidades negras de Angola ? Uma coisa é certa, raramente estão nos palcos de nossos teatros, subsidiados pelo Ministério da Cultura, sendo aplaudidos pela massa. Infelizmente não. Foram todos banidos pela falta de competência do Estado. Os Chicos, as Bethânias, os Miltons, as Simones, também os Boscos, os Djavans, as Nanas e as Costas, os Toquinhos e os Gilbertos, que ocasionalmente mostram seu trabalho, foram deportados sem que fôsse preciso deixar o país. Será que foram considerados "personas não gratas", porque tinham o que o povo precisava, brasilidade. Representam uma ameaça, porque podem trazer o entretenimento ao povo. Sumiram porque correm risco ? Qual risco ? De serem considerados úteis a Pátria ? Por serem a maior e mais eficiente arma contra a anti-cultura, objeto de valor para o embasamento e formação multicultural desta nossa juventude que muito necessita de algo substancial, algo realmente importante para eles, que não seja tão sòmente as "feiticeiras", as "tiazinhas", as "mulheres melancias", as "mulheres pêras" deste Brasil tropical? Vivemos um momento péssimo para a nossa boa música. Essa é a verdade de nossos dias. Eles são inglórios, e são injustos com nossos artistas que estão sendo substituidos por essa droga de nada, "como vovó já dizia", que não acrescenta "nadica de nada" a cultura e que faz o povo ficar cada vez mais alienado e longe do artista, e o artista perde cada vêz mais o espaço que lhe cabe junto ao povo, junto a mídia, que agora só quer saber dos MC`s, ou do tal do funk (que de funk não tem nada e deve estar deixando o James Brown tremendo na sepultura) ou de uma música de péssima qualidade melódica, que conduz a um analfabetismo musical e que permite apenas, dois ou três movimentos. Ora é o sobe e desce, ora é o abaixa e arrasta, ou então é um bate coxa sensual onde a cultura dá lugar a um ritmo que pode ser chamado por um termo bem apropriado que tive a liberdade de criar agora. Bundal-vaginal. Êle culmina com um frenesi constante, incessante, e que certamente busca o prazer. Mas calma ! Calma que eu também gosto de beleza e de sensualidade. Gosto delas, lavadinhas, cheirosinhas, mas no lugar adequado e não, enriquecendo os nossos "empresários de visão" que oportunamente andam por aí, usando e abusando dessas supostas "deusas" que se acham "ousadas", e que na verdade, são "usadas" quando permitem o uso de seus corpos para uma causa tâo inespressiva. Como dizia o Arnaldo Batista:...Será que eu estou ficando Loki bicho? Acho que não. Que sejam tomadas todas as providências necessárias para que isso tenha um fim. Por tudo que argumentei e também porque é nossa obrigação lutar contra a má condução das verbas, que acho uma obrigação maior ainda, o acêrto nas estratégias por aquêles que são os provedores da cultura deste país. Que sejam escancaradas todas as janelas possíveis para a eliminação desse mal, e, òbviamente, que se ache uma solução imediata para sairmos ilesos deste ostracismo. Mesmo fértil, com novos valores surgindo, este ainda é um momento crítico da música, da arte, enfim, da cultura geral deste nosso País. Será que nós merecemos isto. Será que somos realmente "abestados" como sempre disse e diz o nosso letrado deputado Tiririca!?

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