sexta-feira, 12 de setembro de 2014




A poesia sobrevive no Rio de Janeiro. Projeto Poesia na Praia, coordenado pelo ator e diretor de teatro Eduardo Tornagh, reune poetas, escritores e artistas na barraca Estrêla de Luz no Leme, bem em frente ao tradicional restaurante carioca "La Fiorentina". O ponto de encontro aglutina todas as quartas-feiras, a partir das 20:00 hs um público razoável de amantes e amigos da poesia, da música e do teatro. Estive lá e participei da movimentação junto com minha amiga a poetisa, escritora e cantora, Mariza Sorriso, de partida para Portugal, às vésperas do lançamento do seu segundo livro. Achei interessante a idéia que se parece um pouco com o projeto Poesia no Varal que acontece em Maceió, Alagoas e que é coordenado por Ricardo Cabús. A diferença está no fato de no Rio ela acontecer num lugar fixo e em Maceió, ela ser itinerante.


ARES DE HOLANDA (Rui Agostinho)


 A PELA CLARA ROSTO ANGELICAL,
 ESSE  JEITINHO DE RAQUEL WALCH.
SORRISO LINDO, MUITO NATURAL,
POUCO SOTAQUE POIS JÁ NÃO CARECE.

PÁSSARO LIVRE, QUE VEM LÁ DO LESTE,
PASSA, NA PORTA DA MINHA EMOÇÃO.
DEPOIS DA ZONA FRANCA, DO RIO DE JANEIRO,
VOA, DIRETO, PRO MEU CORAÇÃO.

ARES DE CRIANÇA, MOINHOS DE HOLANDA
TEM GOSTO ACENTUADO PELAS COISAS DO PAÍS.
NÃO FÔSSE ESSA DISTANCIA  E TODA CIRCUNSTÂNCIA,
PRENDIA ESSA ESTRANGEIRA PARA SEMPRE NO BRASIL !



sábado, 17 de maio de 2014

Amor, tema explorado por todos aqueles que vivenciam essa experiência fantástica, inusitada e que sempre surpreende aos envolvidos em suas tramas. 
Aqui vai mais um dos muitos poemas, que insistentemente escrevi sobre esse tema, batido, repetido mas sempre explorado até as últimas consequências !

VIVER DO AMOR (Rui Agostinho)

Eu sei,
E você sabe também,
Que viver do amor,
Não é bom pra ninguém.

Por isso sofremos tanto,

Nos becos da nossa cidade,
Todo tempo vigiados
Por quem tem mêdo do amor.

Viver sòmente do amor, 

É como escrever poemas sôbre a água,
É ausência total da certeza,
Como ter tudo ou ter nada.

Mas, mesmo assim eu amo.

Sorrindo ou chorando,
Mesmo sabendo que o prêmio do amor
É apenas amar.

Viver simplesmente do amor,

E como o pranto da amada,
Que ás vêzes parece uma lágrima,
Mas quase sempre é uma estrela, 
Apagada.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A CONSCIÊNCIA NEGRA NO BRASIL (Rui Agostinho)

  1. Queridos amigos, esta pequena interferência poética representa todo o meu sentimento e o respeito que tenho, a todos os artistas, personalidades e a todo o povo representativo desta raça, que ajudou na formação cultural e no levantamento estrutural desta nação. Salve a igualdade racial !

    NEGRO É FORÇA (Rui Agostinho)


    No terreiro de Xangô, pedra é fogo,

    Àgua é rio, negro é força.
    Tanta força que atordoa,
    A todos que desafiam,
    A imponência da raça.

    E o negro chegou aos dias de hoje,
    Depois de uma luta insana,
    Inteiro, integro, soberano,
    Como Zumbi, incorporado e altivo, 
    Dono de sua própria história !
Parabéns pela passagem do Dia da Consciência    Negra no Brasil !

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

LUA - PROMESSA DE UM NOVO AMANHECER (Rui Agostinho)

LUA DESGARRADA (Rui Agostinho)

A lua desvairada,
Fez ausência em meu luar,
Tão branca, tão bonita,
Resolveu me abandonar.

Saiu da minha praia,
Sem remorso, sem destino,
Galopou sob o cometa,
Pra longe do meu olhar.

Oh ! Lua soberana,
Lanterna do meu caminho,
Por que faz isso comigo,
Que não canso de te amar ?

Tu sabes, eu não minto,
És criança, quando nova,
E cheia quando menina,
Na iris do meu olhar.

Oh! Lua desgarrada,
Andarília, saltimbanco,
Faça jus ao teu destino,
Seja lua novamente,
Faça de mim, seu menino.

Oh ! Lua dos amantes,
Sempre bela, sempre nua,
Minguante, crescente ou cheia,
Ilumine o meu caminho !


* LUA DESGARRADA, também passou a ser uma canção, através da excelente melodia de Ibys Maceioh.

A MEMORIA DE CEZAR, UM GANHADOR DE FESTIVAIS

MAS CANTE TAMBÉM (Rui Agostinho)

Poetas, jovens cantores tupis
Cantem esse mundo novo,
Que não verei mas virá,
E por certo será um dia, 
Um canto de todo homem.

Que se ouvira na Amazônia,
Nos colégios, rodas de amigos,
Na casa dos sertanejos,
Nas cercanias mineiras.

No subúrbio carioca,
No mato, na Vila Cruzeiro,
Nas caatingas, nos imbuzeiros,
Na terra dos cariris.

Primitivos cantadores,
Gente de pé no chão,
Vozes que são do nordeste,
Oriundas do sertão.

Poetas das Alagoas,
Pastoreiem teu povo sofrido,
Retoma "de vez por todas"
Teus fetiches, religiões.

Recolhe teu grande acervo, 
No mangue, nos milharais,
Nas ladeiras das cidades,
Nos mirantes, grandes postais.

Seja parafuso e porca,
Sem meias-verdades, ardis,
E faça teu canto inteiro,
Ser ouvido nesses "brasis".

O SAMBA-CANÇÃO, O JAZZ E O ERUDITO (Rui Agostinho)

A partir do lançamento de "COPACABANA" de João de Barro e Alberto Ribeiro, (Selo Continental), suplemento de Julho/Agosto de 1946 - com Dick Farney cantando em português com entonação de cantor americano começa a surgir uma nova frente de música.
Ainda longe de ser uma Bossa-Nova, o samba-canção COPACABANA, muito sintomaticamente traz para a ribalta o cantor Farnésio Dutra que escolheu o pseudônimo de DICK FARNEY porque havia chegado recentemente dos Estados Unidos e teve a infantil idéia de de que faria carreira naquele país cantando música americana. Lá ele não conseguiu, mas no caso do Brasil, sua voz agradava mesmo sendo quase uma réplica da de Bing Crosby. Dick Farney era um "bom" pianista e chegou a disputar lá nos Estados Unidos um concurso de imitação daquele seu ídolo, então no auge de sua carreira.
Pois é e foi assim que o cantor Farnésio Dutra, feito Dick Farney, resolveu tentar a sorte fazendo a coisa que mais parecesse com Bing Crosby, como o e samba-canção, mais sempre usando o estilo sussurrado do blues americano. O sucesso imediato junto ao público já alienado, foi imediato. Compositores como os já citados João de Barro e Alberto Ribeiro e mais, Alcyr Pires Vermelho, Benny Wolkoff, José Maria de Abreu, Luyius Bitencourt, Jair Amorim, Oscar Beland, Marino Pinto e Mário Rossi, começaram a produzir sambas lentos a base de orquestrações americanizadas, em que Dick Farney (e logo em seguida seu imitador Lúcio Alves), entrava com seus sussurros sobre os acordes jazzísticos do piano.
Até Dorival Caymmi, o estilizador dos motivos folclóricos baianos entraria nessa onda. dando parceria ao milionário Carlos Guinle em nome de uma amizade que incluia alegres passeios de lancha pela Baía de Guanabara, em companhia de mulheres bonitas e com farta cobertura de fotógrafos de jornais e revistas da época, como "O Cruzeiro". Aliás, o samba "Sábado em Copacabana", da dupla Carlos Guinle e Dorival Caymmi, teria sido feito num desses passeios e figuraria ao lado de "Copacabana", de João de Barro e Alberto Ribeiro, como um dos mais representativos momentos da fase coca cola da Música Popular Brasileira. Em primeiro lugar, pela escolha do bairro Copacabana para tema da canção (o bairro era formado em sua maioria pela mais nova camada da classe média emergente e arrivista), e em segundo lugar, pela exaltação de um ideal de vida cujo contraste com o evidenciado nos sambas-canções da época anterior, é de saltar aos olhos. Senão vejamos.

Depois de trabalhar toda a semana,
Meu sábado não vou desperdiçar,
Já fiz o meu programa pra essa noite
E já sei onde eu vou começar.

Um bom lugar para encontrar
Copacabana
Pra passear à beira mar
Copacabana
Depois um bar, à meia luz,
Copacabana
Eu esperei por essa noite
Uma semana.
Um bom jantar
Depois dançar
Copacabana
Um só lugar
Pra se amar
Copacabana

A noite passa tão depressa
Mas eu vou voltar lá pra semana
Se encontrar um novo amor
Copacabana.

Muitas outras canções foram feitas ainda. Todas dedicadas a esse momento da MPB. Posso destacar: "Um cantinho e você" e "Ponto Final" (José Maria de Abreu e Jair Amorim).
"Se o tempo entendesse" (Marino Pinto e Mario Rossi).
"Reverso" (Marino Pinto e Gilberto Milfont).
"o Direito de Amar" (Lucio Alves), que também o gravou.

Eu viria a conhecer algumas destas canções depois que fiz cinco anos de idade, mais ou menos quando começou a minha memória musical. Estas canções marcaram a minha infancia, junto com "Ouça" e "Meu mundo caiu" da Maysa Matarazzo.
É bom lembrar também, que algumas composições desta fase não poderiam se diferenciar muito da música norte-americana, porque foram arranjadas por uma nova geração de orquestradores, todos eles - como Radamés Gnatalli - profundamente influenciados pela pelo estilo "Gershwin". Esses arranjadores, muito diferentes daqueles que haviam criado o samba canção, vinte anos antes, haviam se formado no período mais intenso da propaganda de guerra norte-americana que, incluía a investida no setor cultural, através da interpretação política da polifonia política do jazz como mais uma demonstração da liberdade ensejada pela democracia , o que exemplificavam com a exibição do virtuosismo que a sua música permitia, individualmente aos componentes das orquestras ou dos conjuntos. Aos músicos, como sempre coube a melhor e, as vezes também a pior parte. A alienação dos orquestradores chegou a tal ponto que, em determinada apresentação da cantora Aracy Côrtes, no ano de 1957, foi-lhe quase impossível cantar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro o samba 'Ai ioiô", tal era o excesso e a confusão de acordes acrescentados a música. Sem essa "riqueza de orquestração", a saudosa Aracy Côrtes havia cantado essa mesmo música de seu repertório, pelo menos umas quinhentas vezes.
Este amigo de vocês, poeta e estudioso da música pergunta: O que é mais importante: a obra criada em sua plena essência ou a imposição de um ponto de vista musical ?. Não respondo, deixo aqui a pergunta. A verdade é que sempre estamos passando por desencontrados caminhos.
Primeiro, jazzificado, depois abolerado, prosseguiria o samba-canção durante mais de 10 anos até, que a partir de 1958, a denominação bossa-nova viria pôr fim a confusão, sacramentando tudo isso, toda essa agressão a nossa música,através da eliminação dos últimos toques de originalidade do samba tradicional. O nosso samba !
Rui Agostinho (baseado em pesquisa e literatura de debates)

sábado, 16 de novembro de 2013

A VIDA E A MORTE EM FORMA DE POESIA (Rui Agostinho)

É muito difícil discorrer sobre a vida ou a morte. As teorias são muitas sobre a arte de viver. Sobre a morte, não existem teorias mas explicações que tentam de todo modo, trazer uma razão plausível para justifica-la.
O que falta a cada ser humano para a vida ser melhor. Um conjunto de necessidades, uma espécie de `kit vida`. Para a morte bastam apenas justificativas, para uma coisa elementar, a renovação da vida.
Sobre a vida e a morte, duas visões diferentes:
                              
VIDA (Rui Agostinho)                                       

O que estraga a vida

é a falta de saída,
de emergência, 
de urgência.
                             
A falta de um grande amor.
Uma dulce vita,
Uma exit, uma uscita,
Uma sortie, una ventura.

O fato de não ter ido,

Ter ficado.
Memória descabida,
um bilhete de despedida,
A verdade...mas não toda.


     *********************
                              
 A PASSAGEM (LEDO IVO)

 QUE ME DEIXEM PASSAR.
 EIS O QUE PEÇO
 DIANTE DA PORTA,
 DIANTE DO CAMINHO.

 E QUE NINGUÉM ME SIGA NA PASSAGEM,
 NÃO TENHO COMPANHEIROS DE VIAGEM
 NEM QUERO QUE NINGUÉM
 FIQUE AO MEU LADO.

 PARA PASSAR,
 EXIJO ESTAR SOZINHO.
 SOMENTE DE MIM MESMO,
 ACOMPANHADO.

 MAS CASO ME PROÍBAM DE PASSAR,
 POR SER EU DIFERENTE, OU INDESEJADO,
 MESMO ASSIM,
 EU PASSAREI.

 INVENTAREI A PORTA E O CAMINHO
 E PASSAREI SOZINHO !


* Ledo Ivo é considerado uma dos maiores poetas brasileiros, é alagoano de nascimento.
    

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A HERANÇA DO SAMBA (Rui Agostinho)


O samba, a música maior do nosso Brasil e quem motiva a vida de muitos brasileiros, que dele tiram o seu sustento, a sua coragem e a sua alegria de viver. Entra ano e sai ano, os preparativos são cada vez maiores e a preocupação de ver o seu samba, a sua escola e até mesmo a sua fantasia ser destaque na avenida, faz com que o folião se empenhe mais pela sua escola. Nada, a não ser a morte pode impedir o passista de desfilar e enaltecer a sua escola. Este poema, adaptado para um samba, através da repetição de um estribilho, trata deste fenômeno, o samba. Para que este espetáculo possa acontecer, milhares de pessoas se empenham e dão tudo de si e o dinheiro gasto não interessa, a alegria sim, é quem motiva a festa !

A HERANÇA DO SAMBA  (Rui Agostinho) 

        
NO TERRITÓRIO DO SAMBA
FICA SEMPRE UM POUCO DE TUDO
DA SAMBISTA FICA A BELEZA
QUE ENCANTA O RESTO DO MUNDO.

PALETÓ DE MALANDRO, FOLGADO
SAPATO BRANCO, FLOR NA LAPELA E TUDO
AJUDA A GANHAR DESTE SAMBA
UM PASSAPORTE PRO MUNDO.

FICA SEMPRE UM POUCO DE TUDO
MAS PORQUE NÃO FICARIA ?
O FIM DO CARNAVAL MEU SINHÔ
NÃO ACABA COM TUDO.

O FIM DO CARNAVAL MEU SINHÔ
NÃO ACABA COM TUDO.

FICA O  RESTO DAS FANTASIAS,
ABRE ALAS, MIÇANGAS, ENTRUDO,      
O CORO DAS CABROCHAS,
AINDA SE OUVE  AO FUNDO.
                  
O COPO  DA PINGA
AS VEZES DEIXA O POETA MUDO,
NA RODA DE SAMBA VICIO E DOENÇA
NÃO ACABAM COM TUDO,

O FIM DO CARNAVAL MEU SINHÔ.
NÃO ACABA COM TUDO,
O FIM DO CARNAVAL MEU SINHÔ,
NÃO ACABA COM TUDO

QUANDO A ESCOLA DEIXA A AVENIDA,
DE  FANTASIA RASGADA
O SONHO DE SER CAMPEÃO
SEMPRE LEVAMOS PRA CASA.

ENXAQUECA, DOR DE CABEÇA,
RESSACA DE SAMBA, ASPIRINA
SOM DE TORNEIRA PINGANDO,
O SOL QUEIMANDO A MINHA RETINA.

O FIM DO CARNAVAL MEU SINHÔ
NÃO ACABA COM TUDO.................

domingo, 10 de novembro de 2013

MAIS UMA VEZ "ME VI PARADO ALI" (RUI AGOSTINHO)

Já não estou tão só e nem faz muito frio. A cidade aos meus pés continua pedindo socorro. Sinto-me incapaz de levantar um braço de ajuda a essa gente que vive, ama e trabalha, tem esperanças e caminha em busca de algo melhor. Para mim, Copacabana, Leblon e Ipanema, são rosários de luz, sempre cuidando desse povo inquieto, que habita em bairros periféricos, porém que ainda conseguem ser felizes. Afinal, eu sou um dos muitos que deixaram esta cidade para não serem engolidos por ela. Mais uma vez chegou a hora de ir. A cidade me pediu pra ficar. Eu nem sei por que não obedeci.
Mesmo que a cidade peça socorro, num "S.O.S" constante, mesmo que o Vidigal me assuste com seu casario vertical, emitindo luzes, cristais iluminando as noites de São Conrado. Mesmo que a Rocinha alimente jovens com o vício destruidor e todas as janelas se abram para a violência. Mesmo com a "pacificação" de algumas comunidades, ainda falta muito para acabar com o caos urbano desta cidade, ainda assim, penso em ficar. A razões são fortes. Não se trata apenas de apego a cidade. Elas, as pessoas que amo, me pedem pra ficar. Elas possuem nomes. Nomes de pessoas comuns, como aquelas que vivem em qualquer cidade do Brasil mas que despertam a minha emoção e fazem tremer o meu coração. Se não pude ficar, que Deus permita que eu possa ainda passear pelas ruas do meu Rio ainda muitas vezes. Por hora, estou parado aqui, na esquina do tempo e dedico ao meu querido Rio, esta minha poesia que virou samba através da melodia de Ybis Maceióh !

ESQUINAS DO TEMPO (Rui Agostinho)


Me vi parado ali,

Na esquina do tempo,
Lembrando, revendo 
Passado e presente, 
Tudo de uma só vez.

Dos dias de juventude,

Me veio a lembrança do amor,
Das noites de descoberta,
Nas madrugadas do Rio.

Mourisco, Vista Chinesa,

Castelinho, Igreja da Penha
Alto das Laranjeiras,
Lugares por onde andei.

Memória não falta

Dos beijos e amassos,
Na gafieira da Lapa,
Quando paguei pra dançar.

Talvez numa noite dessas,

Num sono muito profundo,
Num vai e vem meio absurdo,
Misture passado, presente e futuro

É tudo tão perfeito no meu Rio,

Da Pedra da Gávea ao Leblon,
Do Morro da Urca ao Redentor,
Que me perco,
Nesta louca simetria,
Desordenada do amor.

É tudo tão perfeito no meu Rio !

sábado, 9 de novembro de 2013

UMA POESIA LASCIVA (RUI AGOSTINHO)



Quem não teve sonhos e se imaginou descobrindo o amor juntamente com a mulher amada, aquela por quem geralmente nutrimos um amor quase platônico. Acontece que de vez em quando, fugimos um pouco da realidade e criamos a nossa fantasia. Essa poesia aborda exatamente essa temática que habita no imaginário de todos nós, homens e mulheres.

A MOÇA DORMINDO (RUI AGOSTINHO)

A MOÇA DORMINDO NA REDE
O CÃO FAREJANDO, ENTRE OUTRAS COISAS,
O PERFUME QUE EXALA,
DA BARRA DE SUAS COXAS.

LINDA É A COR DE SEUS CABELOS,
PARECEM FOGOS DE ARTIFÍCIO,
BRILHANDO SOB A LUZ DA LUA,
REFLEXO CORTANTE NA SALA ESCURA.

CONSENTINDO, PERMANECE INERTE
E JÁ NÃO ESCONDE, ENTRE AS MÃOS
TODO O SEU OURO, SEU ELDORADO,
O MONTE DO MEU DESEJO, MEU EVEREST.

E VEJO DIANTE DE MIM,
UMA CIDADELA SEM PORTAS
UMA PARTE DE MIM SOFRE,
OUTRA PARTE, AGORA SE ACORDA

E NESSA HORA QUE SINTO O TROPEÇO,
E ME DESFALEÇO ENTRE O CÉU E ATERRA,
VESTINDO O PANO DO MEDO,
TEMEROSO, APENAS ESPERO O DESFECHO.

E TUA SOMBRA, ESGUEIRA-SE E AVANÇA,
BUSCANDO UM POUCO DA MINHA ALMA,
SOU PRESA FÁCIL, ESMOREÇO,
E TE APODERAS DA MINHA CAMA,
SEM RUÍDOS, TOTALMENTE INSANA.

EU ME DESESPERO, DO AMOR NADA SEI,
MAS NÃO TEMO ESSA AVENTURA FUGAZ,
E ME ENTREGO AO MANJAR DOS DEUSES,
A TODA BEM AVENTURANÇA QUE PROMETES ME DAR,
SABOREIO ESSE ALIMENTO NOTURNO, ATÉ O SONHO ACABAR.



quinta-feira, 7 de novembro de 2013

SOLO DE CORAÇÃO - A POESIA QUE VIROU CANÇÃO (Rui Agostinho)


A poesia "SOLO DE CORAÇÃO", homenagem mais que justa que faço a todas as bailarinas, que através dessa arte, agregam tanta beleza e sensíbilidade, levando ao publico, momentos de plasticidade e pura poesia, adquire agora um formato musical. Feita por mim já a algum tempo acabou virando canção, com o acréscimo da melodia riquíssima de Luiz Pompe  ! Obrigado parceiro !


SOLO DE CORAÇÃO (Rui Agostinho)

No palco,
Silhueta perfeita, teu corpo em luz,
Eu ouço,
A leveza das notas desta canção,
Na mente
A lembrança do amor, dois corações.

Quem dera,
Pudesse eu estar nesse palco
Porém, disfarço,
Quem dera eu tivesse a evolução,
O compasso,
Do teu movimento,
Quem dera eu tivesse meu bem.

Evolui,
A bailarina abre espaços,
Corpo e alma, pura emoção,
Na ponta das sapatilhas,
Um lindo solo de coração.

Quem dera,
Pudesse eu estar nesse palco,
Porém, disfarço,
Quem dera eu tivesse a evolução,
O compasso,
Do teu movimento,
Quem dera eu tivesse meu bem.

No entanto, proclamo,
Está na ribalta,
No fio da alma,
A minha paixão.

DA POESIA SAI UM SAMBINHA PRA NÃO PERDER A BIRITA (Rui Agostinho)



TÔ CASADO COM ELA (Rui Agostinho)

O samba, representante da nossa música popular, as vezes escolhe momentos inesperados para convocar seus admiradores. Muitas ocasiões quando o amante do samba é pego, como diz o ditado popular "com as calças na mão", ainda assim, precisa marcar presença na roda de sambistas. Como na letra de um samba muito conhecido "Quem não gosta de samba, bom sujeito não é". Mesmo assim, a mulher amada, ainda consegue afastar o sambista da quadra. A poesia fala sobre esse tema !

TÔ CASADO COM ELA (Rui Agostinho)

TÔ CASADO COM ELA,
SEMPRE GRUDADO NELA,
PAIXÃO ANTIGA,
NÃO SINTO VONTADE NENHUMA
DE FICAR LONGE DELA.

JÁ ARRUMEI UM PRETEXTO
PRA NÃO IR NA ESQUINA
CONVERSAR BESTEIRA.
TODO MEU TEMPO EU GASTO,
PENSANDO NESSA MENINA.

 POR CONTA DESSE AMOR
VENDI MEU AP. LÁ NO ENCANTADO
COMPREI UM BARRACO
PERTINHO DA QUADRA,
PRA FICAR AO SEU LADO.

NÃO TEM DESQUITE
DIVÓRCIO OU BALELA
QUE ME SEPARE DELA.
NÃO TEM DESQUITE,
DIVÓRCIO OU BALELA
TÔ CASADO COM ELA.

TO FALANDO DA MÚSICA,
O GRANDE AMOR DA MINHA VIDA,  
SE O SAMBA ME CHAMA,,
ESQUEÇO DE TUDO NA VIDA
ATÉ MESMO A BIRITA

ESQUEÇO DE TUDO NA VIDA, 
ATÉ MESMO  BIRITA

SAUDADE DELA, SAPATO APERTADO
ESPINHELA CAÍDA,
SE O SAMBA ME CHAMA
ESQUEÇO DE TUDO NA VIDA,
ATÉ MESMO A BIRITA.

ESQUEÇO DE TUDO NA VIDA, 
ATÉ MESMO A BIRITA...........
AOS ETERNOS AMIGOS E AMIGAS DO I.AP.I DA PENHA

Estou muito feliz. Quem dera todas as alegrias deste mundo estivessem depositadas na minha vontade de ter notícias de todos os meus amigos, todos aquêles que fizeram parte da minha infância lá no I.A.P.I da Penha. Lembrei dos shows na pracinha com Golden Boys e Trio Esperança, das sessôes de cinema promovidas pela Cruzada do Rosário em Família, onde assistíamos a Vida de Cristo num colorido inédito para a época.
Lembrei também dos "assustados" na casa do Inhá, na entrada 21 da rua 19, com aquela radiola mono da "General Eletric" em que o pic-up ficava embutido dentro da caixa de som. Lembrei dos discos, sucessos inesquecíveis dos Catedráticos, Walter Wanderléy, Ed Lincoln e os Milionários do Ritmo e óbviamente, os primeiros hit`s do Roberto Carlos, dos Incríveis e da Rita Pavone. Me lembrei-me também do Greip da Penha, onde pude vivenciar grandes bailes com o próprio Ed Lincoln, Joni Maza, The Pop`s, Os Populares e ainda pude alcançar festas com as orquestras de Permínio Gonçalves, Severino Araújo e Oswaldo Borba, tendo como "crooner", aquela que seria uma das maiores cantoras de samba deste país, Clara Nunes.
Recordei-me dos ensaios do bloco Pantera Cor de Rosa e das "fechações" que fazia o Oswaldo Nunes quando descia a rua Dois para os ensaios do bloco e das brincadeiras que o Rogério (Bundinha) tirava com ele. Estava pensando muito nisso ultimamente e foi assim que um dia, me danei a procurar pela internet os nomes das pessoas importantes da minha infância na expectativa de localiza-los a todos. Foi assim que consegui contactar com a minha colega de infância a Tânia Patrocinio. Tudo clareou ! Em pouco tempo consegui notícias de todos. A Barbara Billion também foi importante nesta nossa intenção de nos reencontramos e isso foi o que acabou acontecendo. A maioria das pessoas que sempre tive vontade de rever estiveram lá no famoso "XIQUEIRINHO" até algumas que me surpreenderam por terem se interessado por toda essa coisa de confraternização. Eu sei muito bem que o tempo passou mais me permita dizer que todas estavam muito bem. Não pude ver algumas pessoas como a Dona Arlete, a Gessy, mas os verei em outra oportunidade.
Isto é saudosismo natural que todas as pessoas guardam depois de uma certa idade ou uma espécie de resgate ? Não sei. Só sei que gostaria muito de saber como vivem atualmente muitas outras dessas pessoas que sempre fizeram parte da minha história afetiva e do meu universo emocional. Não desejo que elas saiam nunca do meu imaginário. Quantas estão vivas ainda ? Irei revê-las? Mas já posso dizer da minha felicidade de ter reencontrado a maioria delas: Tânia, Gabi, Kátia, Márcia, Luiz Carlos, Mônica, todos da familia Patrocínio de Melo. A Barbara, Ruizinho e João Billion, O Duba, o Zezinho, a Guaracira, o Crispim. O Geraldo Rodrigues e a Ivone. A Aurinha e o Lú, Tetê, Adeni, Ângela (Buzuca), Alda, todos filhos da Dona Ubaldina e do seu Pico.Toninho Brasa com sua mãe, a dona Armanda, José Carlos (o Camôa), Ana Maria, Rubinho, Eliana, Rosane filha de uma das amigas de mamãe, a Jandira e o sorridente Arnaldo (agora Harnaud), ainda trilhando o caminho da música.
Não consegui notícias do Sebastião (a quem chamávamos carinhosamente de "vampiro"). Foi com o Tião que dei os meus primeiros passos na arte da música, tocando quase que diariamente, sentados debaixo do poste de luz da Rua 18, aquele em frente a casa da D. Glória (Apt.105), canções da época como: "Filme Triste", "Festa do Bolinha", "O Bilhetinho". Eu cantava e ele tentava me acompanhar no cavaquinho. Nossa platéia eram algumas pessoas do térreo da rua 17 e na época do verão, algumas tanajuras que disputavam espaço na luz do poste.
Todos me foram muito caros. Até mesmo aquêles que descobri estarem em outro `patamar`. Dona Glória, Dona Selma, "seu" Leone (com quem gostava de conversar enquanto ele fazia seus sapatos e que às vezes me presenteava fazendo solos de saxofone. Dona Ubaldina (minha costureira, Dona Ana, Leonir (meu vizinho e companheiro dos bancos da Escola Presidente Eurico Dutra). Lá onde se dava o devido respeito ao ensino e logo na entrada havia escrito numa placa (acredito que até hoje exista), "Nenhuma função é mais digna, mais elevada, mais patriótica que a de educar - Eurico Gaspar Dutra". Achava tão sensacional essa frase que nunca esqueci.
Saudades também de outros que se foram. Do Amaury, do Massada, do Jaime, Vitorio, Luiz e outros que irei ainda tomar conhecimento.
Todos, sem exceção, me fazem lembrar como a vida é bela e o que levamos dela, são os bons momentos que vivemos.
E ´por isso, restabeleço aqui, agora, um pacto de uma longa amizade, esperando por um novo contato com todos aqueles que ainda estão por aí, no meu querido e sofrido Rio. Eu estou por aqui, em terras alagoanas, aonde fui acolhido a 38 anos. Em breve nos veremos porque Deus irá permitir. E iremos celebrar ainda mais uma vez,  a vida.
Um grande povo se conhece pela preservação de sua memória.

* Em tempo - Muito obrigado Tânia Patrocínio de Melo !! Como diria Paulo Gracindo, alagoano de nascença, no papel de Odorico Paraguaçu: "Lavaste e enxugaste" a minha alma, renovando-a sempre, com tuas palavras acolhedoras. Isso me fez muito feliz ! Obrigado mais uma vez por tudo !


Rui Agostinho Campos

O sapateiro, o banco e o saxofone (Rui Agostinho)

Parece que vejo ainda,
Sentado em seu banquinho rude,
Aquele velho amigo falante,
Que contava segredos à miúde.

Da sua preocupação ao fazer sapatos,
Falava com muito esmero,
Hoje é uma arte, muito esquecida,
Pelas pessoas do mundo inteiro.

Olhar fixo no trabalho,
Unindo palmilha e couro,
A Rua 19 ao fundo, vitrine aberta,
Paisagem, seu mundo imediato.

Cola e sola, martelo e taxa,
Mãos calejadas, porém ágeis
Tinta preta na lateral da sola,
No acabamento um fino trato.

Salto verniz e muito cuidado,
Com toda atenção ao perguntado
Mas sem nunca deixar de lado,
A eficiência do seu trabalho.

Eu questionava e buscava insatisfeito,
Respostas as minhas curiosidades de criança,
Como se abraçasse uma enciclopédia humana
Cheia de conhecimentos extras.

Por que isso por que aquilo,
O que é forma, o que é taxinha?
Com cabeça, sem cabeça
Por que o alicate puxa o couro sempre na beiradinha?.

Perguntava até de onde é que vinha
A material por ele usado,
Quem fornecia, quem fabricava,
Quem comprava e quem, pagava.

Lá para o fim da tarde, depois de muita pergunta,
Tinha a parada estratégica, de quinze a vinte minutos,
Era a parte que mais me agradava, hora da comidinha.
Uma espécie de ritual sagrado, o cheiro bom vinha lá da cozinha,

Era nessa hora que D. Selma alegre trazia
Canecas de café quentinho com biscoitos maizena
Pro Seu Leone e pra mim, é óbvio,
Uma espécie de prêmio diário pelo seu trabalho,

Mas que pensa que tudo parava por aí, estava enganado!,
Vez por outra e quando se aproximava o Carnaval,
O banquinho virava palco de grandes sucessos musicais,
Pois "Seu Leone", velho sapateiro, em músico se transformava.

Trocava o fio da faca afiada e o couro,
Pelos registros do seu saxofone,
Instrumento bonito e sonoro,
Que de tão polido e brilhante , até parecia de ouro.

E ensaiava pro Carnaval, que chegava
As marchinhas que guardara o tempo todo.
No fim da tarde eu saia, satisfeito e faceiro.
Cantarolando as canções tocadas pelo velho sapateiro

“Alalaô ô ô ô ô”,
Mas que calor ô ô ô ô ô ô !
“Eu sou o pirata da perna de pau,
Do olho de vidro, da cara de mau.

"Colombina onde vai você ?
Eu vou dançar o iê iê iê !"
"Êh êh êh êh êh, índio quer apito,
Se não der pau vai comer".

Mas da verdade eu nunca me esqueço,
A arte da música penetrou em minhas veias
Através deste homem simples e correto,
Misto de sapateiro e músico, da vida, um arquiteto.

Da sua arte no couro e sua vertente musical
Provavelmente, jamais esquecerei
Sem engano, convicto da sua importância,
Pra mim e pra toda sua família

Relembro e o coloco pra sempre,
No lugar mais feliz da minha infância,
Senhor de seus dois ofícios,
Sapateiro e músico, um soprador de esperanças !


Dedico esses versos a seus filhos: Leonir (in memorian) Tânia, Luiz Carlos, Kátia, Márcia e Mônica. Todos Patrocínio !
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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O RETORNO AO PONTO DE PARTIDA (Rui Agostinho)

Todas as vezes em que me vejo pensando na minha belíssima Cidade Maravilhosa, procuro policiar essas lembranças,  como que para evitar (como se isso fosse possível) momentos que me trazem o que chamam os italianos de "paura", o que os escravos negros conheciam como "banzo". Essas lembranças, em sua maioria, as melhores de nossas vidas, trazem sempre em destaque os nossos melhores momentos afetivos. Essa poesia retrata exatamente a possibilidade da volta as origens e o tanto que penso sobre isso, a possibilidade me traz a certeza maior de que o o "ir" e  o "voltar", tornam-se necessários.

O BARCO, A ILHA E O MAR (RUI AGOSTINHO)

O barco e a ilha,
Dois pontos distantes,
De muitas ausências,
Idas e vindas, visitas ao caís.

O barco me leva ao destino,
Mas a ilha nem sabe que eu vou.
Surprêsas reservam o mar,
Eu velejo, refém desse amor.

Levíssimo, o leme em águas fundas,
Abre fendas profundas no leito dos oceãnos.
Águas e ventos sabem dos destinos,
De caminhos e barcos, sabe o mar.

Quem sabe um dia,
Te declare a minha rota,
Minha meta, minha sina,
O meu porto final.

E te descubra em todos os fonemas,
Bandeira generosa desfraldada,
Nesta tua imensa ilha,
Onde andarilho sou.

Que bom seria,
Te eleger minha marinha.
Minha bóia, minha guia,
Na arte de navegar.

Na rota salgada e constante,
Dêsse eterno marinheiro,
Que escreve seus poemas sôbre as aguas,
Tôda vêz que tem vontade de voltar


* Dedicado expecialmente a todos meus amigos de infância lá do I.A.P.I da Penha, Rio de Janeiro