quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O RETORNO AO PONTO DE PARTIDA (Rui Agostinho)

Todas as vezes em que me vejo pensando na minha belíssima Cidade Maravilhosa, procuro policiar essas lembranças,  como que para evitar (como se isso fosse possível) momentos que me trazem o que chamam os italianos de "paura", o que os escravos negros conheciam como "banzo". Essas lembranças, em sua maioria, as melhores de nossas vidas, trazem sempre em destaque os nossos melhores momentos afetivos. Essa poesia retrata exatamente a possibilidade da volta as origens e o tanto que penso sobre isso, a possibilidade me traz a certeza maior de que o o "ir" e  o "voltar", tornam-se necessários.

O BARCO, A ILHA E O MAR (RUI AGOSTINHO)

O barco e a ilha,
Dois pontos distantes,
De muitas ausências,
Idas e vindas, visitas ao caís.

O barco me leva ao destino,
Mas a ilha nem sabe que eu vou.
Surprêsas reservam o mar,
Eu velejo, refém desse amor.

Levíssimo, o leme em águas fundas,
Abre fendas profundas no leito dos oceãnos.
Águas e ventos sabem dos destinos,
De caminhos e barcos, sabe o mar.

Quem sabe um dia,
Te declare a minha rota,
Minha meta, minha sina,
O meu porto final.

E te descubra em todos os fonemas,
Bandeira generosa desfraldada,
Nesta tua imensa ilha,
Onde andarilho sou.

Que bom seria,
Te eleger minha marinha.
Minha bóia, minha guia,
Na arte de navegar.

Na rota salgada e constante,
Dêsse eterno marinheiro,
Que escreve seus poemas sôbre as aguas,
Tôda vêz que tem vontade de voltar


* Dedicado expecialmente a todos meus amigos de infância lá do I.A.P.I da Penha, Rio de Janeiro

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