quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O AMOR - TEMA INESGOTÁVEL PARA A POESIA

PROCURA-SE (Rui Agostinho)

Procura-se insistentemente o amor
Se por acaso o achares,
Diga que espero ansiosamente
Pelo ar da sua graça, pela sua visita.

Diga-lhe que traga com ele
A esperança, a mais simplória
De poder quem sabe, um dia
Gozar dessa ilustre companhia.

Anuncie nos jornais da minha busca,
Diga que ele é meu ar, meu ópio, meu fumo,
Que minha dependência dele é grande,
Ele é quem alimenta esse corpo moribundo.

Sem o amor, sou arremêdo de vida
Alegoria esquecida depois da dispersão,
Agonizando e desbotando pelos cantos,
Frágil fantasia de papel crepom.

Mas, se não o achares, por favor, não desista,
Tente mais uma vez, não esmoreça ainda,
Ele deve estar por aí, em algum lugar,
Solitário, carente, talvez esperando por mim.

Tão disfarçado que não reconhece mais,
Aquêle que o teve, foi seu dono e o desprezou,
E mesmo quando ele andava ao seu lado,
Cego, não percebia que ele era o tal “amor”.

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