terça-feira, 27 de julho de 2010

JARDIM DE CONCRETO (Rui Agostinho)

O céu agora já não está tão longe,
Porém, nuvens de poluição é o que respiramos,
Nosso chão é de asfalto, nosso teto é de amianto,
Há um temor disfarçado em cada sonho.

Jardim de concreto, jardim do progresso,
Resultante do processo de sufocação da massa,
Jardim de concreto, jardim de ilusão,
Pra cada sala uma tese, em cada manchete, uma ação.

Curvos, retilíneos e côncavos são os nossos destinos,
As cores nos formam, nos atraem, nos viciam,
em breve, não teremos mais janelas,
Para ver o sol, a cor dos nossos dias.

Jardim de concreto, jardim de ilusão,
Um gosto amargo na boca, a pólvora no lugar do pão
Jardim de concreto, onde não existe perdão,
Pra cada guerra, um motivo, pra cada morte, um botão

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